quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Carimba, carimba...





Cantar vitória antes da hora nunca fez bem a ninguém. A seleção brasileira que o diga. Toda vez que a Terra do samba e do futebol sai com a estampa de “favorita” em direção a mais uma Copa do Mundo, é batata, perde. E toda vez que sai com o adesivo de “fiasco”, é certo, ganha. E Dunga parece disposto a colocar um ponto final nessa história.

O nosso atual timoneiro não é nenhum Rinus Mitchell, o lendário técnico holandês que inventou a “Laranja Mecânica”, e tampouco é possível hoje compará-lo a Telê Santana. Mas há algo em Dunga que soa diferente.

De jogador vibrante a técnico de bola, o “professor” Dunga não mudou muito. Continua longe de ser uma Branca de Neve no trato com a mídia ou com a concorrência. Aliás, dessa turma de anões, está mais para Zangado do que para o próprio xará Dunga... Mas o fato é que ele fez o que ninguém até hoje conseguiu. Classificou a seleção brasileira para uma copa do mundo com três rodadas de antecedência, além de já ter faturado uma Copa América, uma Copa das Confederações e resgatado, porque não, o respeito pelo futebol canarinho.

Tem mais. Este time do Brasil tem cara. E a cara é o conjunto e não um ou outro jogador. Com um goleiro estupendo na meta, dois laterais-direitos craques, zagueiros sólidos e um sem número de meio campistas qualificados à disposição, a seleção nem se lembra mais de que Ronaldo, o Fenômeno, está por aí, e de que Ronaldinho Gaúcho ainda está em atividade (?).

Sinceramente, penso que dada às personalidades dos “Ronaldos”, e a combinação que poderia surgir desta aproximação com Dunga, é natural acontecer o que está acontecendo. Ou seja, que este selecionado tenha na liderança Kaká. Discreto, comprometido e talentoso, Kaká é o cara que Dunga passou um bom tempo à procura, mas só achou há menos de um ano. E aqui, é bom que se diga, ninguém está diminuindo o atual jogador do Real Madrid. Pelo contrário. Seu toque refinado, suas arrancadas verticais e seus chutes potentes, que serão decisivos no Mundial, lhe dão justamente o adjetivo de “krake”. Mesmo não tendo o brilho eloqüente que já vimos em outros tempos de camisas 10.

Só que tem um detalhe. A fase é tão boa e é tão capaz de Dunga sair do Brasil como favorito e realmente conquistar o caneco na África do Sul, que já não me surpreenderia se Kaká fizesse um gol de placa, desses que nos remetem a indiscutíveis gênios, como Pelé, Maradona e Zidane, e sacramentasse o título. É como Muricy Ramalho diz, “a bola pune”, mas acrescento, também premia, melhor, carimba.


Por Maurício Capela

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