sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Equipe OFICIALMENTE escalada!

Sábado

BARUERI x CRUZEIRO

NARRAÇÃO: Marcelo Tadeu
COMENTÁRIOS: Jota Sampaio
REPORTAGENS: Guga Mendonça
PLANTÃO: Marçal Gomes Pato

Externa: José Alves
Mesa de Som: Tico

Domingo

SÃO PAULO x CORINTHIANS

NARRAÇÃO: Gomão Ribeiro
COMENTÁRIOS: Maurício Capela
REPORTAGENS: July Stanzioni e Guga Mendonça
PLANTÃO: Marçal Gomes Pato

Externa: José Alves
Mesa de Som: Tico

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Ópio do Povo





Basta uma voltinha mundo afora para entender o que é dinheiro público. Na Noruega, por exemplo, dinheiro público, que tem jorrado ano após ano dos poços de petróleo, tem servido para prover o país de um sistema de educação, de saúde dos mais qualificados do mundo. E a Noruega não é exceção. É assim na Suécia, na Suíça, com seus extraordinários ganhos financeiros e bancários, na Alemanha, na França, enfim, em quase toda nação séria que está realmente disposta a prover qualidade de vida para seus habitantes.

Mas no Brasil dinheiro público tem outra conotação. Serve para tanta coisa. Serve para enriquecimento ilícito, para financiamento de multinacionais e, agora, para estádios de futebol. Ao abrir uma linha de crédito de até R$ 400 milhões para cada uma das 12 cidades-sede que vão abrigar a Copa do Mundo de 2014, o BNDES acabou por ratificar o verdadeiro sentido de público no País da bola e do carnaval. Público, por aqui, é privado. Só que privado não é público. Capisce!

A indecência Copa do Mundo de 2014 não ficará sozinha na terra do carnaval. Não. Em breve, terá a companhia de outro acinte, os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, lugar que já sediou o Panamericano e que tem conservado com raro zelo as instalações erguidas por lá, não é verdade? O pedalinho da raia olímpica, por exemplo, já enferrujou. E o Engenhão, uma obra para lá de genial, porque não há vias de acesso suficientes para se chegar ao estádio, já desativou sua pista olímpica e agora o Botafogo, o gestor dessa maravilha, tem dito que não vai abrir o anel superior ao público, porque o gasto é alto. Jura, Botafogo??? Porque se você não me diz, certamente não saberia que custa dinheiro manter estádio, principalmente os de difícil acesso.

Mas vejamos a contabilidade do BNDES, porque R$ 400 pratas para cada um, dá R$ 4,8 bilhões. Ou seja, a farra inicial será de quase R$ 5 bi. Com essa bufunfa à disposição, mas com a seriedade administrativa de uma Noruega, quantas escolas não poderiam ser erguidas neste nosso País tropical, abençoado por Deus? E em saúde? E em metrô? Em metrô, com essa montanha de verdinhas, daria para construir 20 quilômetros de linhas, ou seja, um terço do que a cidade de São Paulo hoje tem.

O São Paulo Futebol Clube, que terá muitos problemas para fazer seu projeto virar estádio-sede do torneio, diz que vai pedir só R$ 140 milhões dessa linha do BNDES. Convém aguardar... Porque com a noção de público que temos por aqui, é só uma questão de tempo para que a sanha empresarial-privada brasileira ultrapasse os limites desses R$ 5 bilhões e em nome de se fazer uma competição inesquecível e do “bla bla bla” costumeiro, esses números vão logo virar um lindo projeto de “Power Point”. E passada a catarse do Mundial, teremos verdadeiros elefantes brancos, convivendo passivamente com desabamentos de morros, enchentes, falta de saneamento, escolas sem internet e postos de saúde dando aquele tratamento que você, meu caro, já conhece. Enfim, o futebol continua sendo o ópio do povo, mas não está na hora de procurarmos uma “clínica de reabilitação”?
Por Maurício Capela